Considerações sobre Paisagem Lunar
Moonscape
“ No meu olhar este filme trás a tona colagens entre um livro, imagens de quadros e uma trilha especial criada por Andersen Viana. Consigo perceber uma ambientação apocalíptica utilizando uma linguagem experimental durante todo o processo criativo. Muitas cores estão presentes neste trabalho.
Durante XI atos percebemos uma crítica ao mundo contemporâneo repleto de guerras, sabotagem e terror. O filme propõe a criação de uma nova raça após a destruição do homem pelo próprio homem. Uma nova estética, experimentações e um novo olhar sobre o audiovisual estão presentes na obra.”
Luiz Derly
“O trabalho “Paisagem Lunar” é uma abordagem experimental e levemente perturbadora. A música desse projeto é muito intrigante, que parece não seguir padrão ou alguma forma previamente criada. Ela possui passagens atípicas para a música tradicional e certos trechos me lembraram o álbum “Jazz from Hell” do compositor Frank Zappa.
As imagens nem sempre são entendidas à primeira vista e fazem parte de fragmentos ou peças inteiras de quadros renomados. Um leve desconforto e ansiedade estão sempre presentes no contexto visual, que também é muito psicodélico pelas cores e formas apresentadas. O enredo é intrigante, pois por trás do cenário abstrato e da música há uma história passada no mundo pós-apocaliptico, em que nossa imaginação trabalha em cima dos pequenos trechos de diálogos ou narrados. Também achei interessante essa abordagem de se usar apenas falas, sem personagens. Por fim, gostei muito desse projeto, principalmente porque adoro trabalhos progressivos e experimentais.”
Gustavo Palmer Irffi
“Minha opinião sobre a obra é extremamente comparativa, pois a primeira coisa que penso é em uma série de franquias de jogos eletrônicos e outras produções de mass-media. De certa forma sinto-me imerso em outra dimensão sonora e estética.
A obra como um todo trás a visão de que sou um mero transeunte, um jogador, de que não estou a par de todos os fatos e que ao mesmo tempo estou sufocado perante as sonoridades propostas e as imagens conceituais ou não, muitas das vezes pouco importantes a trama principal.
Por ser uma mescla áudio-visual, a obra permite ao espectador imergir nessa realidade e tentar sempre estar atento. De fato é difícil não prestar atenção na obra, pois sempre se está buscando o que poderia ser chamado de “quest” principal e pensar em outros assuntos vãos. A imagem e a música que são passados na verdade são os personagens principais, faz-se atenção a música e as imagens enquanto a história é apenas ouvida, pois sua importância é diminuída no todo.
Dessa forma, a imagem e a música prendem a atenção, pois a platéia busca encontrar todos os resquícios de história. Particularmente me sinto imerso dentro da obra, mas sem poder evitar os problemas que ocorrem, pois já estão programados para serem daquela forma.
A ação não é o que prende a atenção, mas a busca dela em todos esses três pontos: drama, imagens e sons que configuram uma estética de beleza, mas não uma narração padrão e sim uma narração interpretativa e interativa.
O projeto traz a atmosfera “lunar”, sempre distante, como personagem principal ao invés de ser o fundo romântico ou de terror da noite, do breu, do medo e das emoções e sons que esses forros musicais podem causar. Tal fator gera complicação aos que não estão acostumados a escutar trilhas sonoras e ver fotos panorâmicas. As imagens de fundo são os personagens principais e devem ser cuidadosamente analisados dentro da narração, deve-se jogar bem está atento a todos os detalhes para desvendar todos os mistérios e sentir-se mais se imerso nesse jogo de idéias. O final é um só, mas são várias formas de chegar nele. A arte é um jogo, o jogo é uma arte.”
Mateus Portugal Jorge
“Toda a trama de MoonScape me trouxe uma reflexão de desligamento da obra musical e textual da obra visual.
Durante todo o tempo esperamos onde o caminho das tramas se encontra e isso gera um sentimento de expectativa.
É imprevisível a reação que temos ao ver o arranjo visual, uma mistura inconsciente de fractais galácticos e estrelas, que inspiram filmes futuristas que foram feitos no passado.
Instigante, a obra "Paisagem Lunar" meche no lado positivo da criatividade, aumenta a vontade de resultado e produção. Mostra o quanto é possível extrapolar o universo criativo com despretensão.”
“Obra sinestésica de exótica catarse apresenta simultâneos focos em seu decorrer. A produção visual discorre materialmente do texto base utilizado (“Contos Cinematográficos”, de Andersen Viana), mas apresenta elos extra-materiais (campo das idéias e sentimentos) com o livro. Isso propicia embates do que pensamos e vemos, provocando distintas sensações ao longo da produção.
Uma proposta experimental que possibilita novos vieses a criação, sem se ater aos incentivos mercadológicos atuais. “
Wesley Matheus de Oliveira
“Com uma estética impactante, a obra transmite estranheza e é sutilmente agonizante. Trilha com toque psicodélico remete, juntamente com algumas características visuais, a uma condição espacial, futurística. Os efeitos visuais conduzem a uma realidade imagética, como quando fechamos os olhos e imaginamos uma ilustração sobre aquilo que ouvimos.”
Pâmella Rosa